21 de set. de 2011

Perispírito: O Registro de Nossas Vidas


A existência de um corpo semi-material que acompanha o corpo físico e o espírito, sempre foi da sabedoria de todos os tempos, sendo este corpo por sua vez, devidamente identificado dentre todas as civilizações.

Com sua precisão histórica, Joanna de Ângelis nos trás o seguinte relato:

Desde as apreciáveis lições do Vedanta[1] quando apareceu como Manu, mãyã e Kosha, era conhecido no Budismo esotérico por Kama-rupa, enquanto no Hermetismo egípcio surgiu na qualidade de Kha, para avançar, na Cabala hebraica, como manifestação de Rouach. Chineses, gregos e latinos tinham conhecimento da sua realidade, identificando-o seguramente. Pitágoras, mais afeiçoado aos estudos metafísicos, nominava-o carne sutil da alma e Aristóteles, na sua exegese do complexo humano, considerava-o corpo sutil e etéreo. Os neoplatônicos, de Alexandria, dentre os quais Orígenes, o pai da doutrina dos Princípios, identificava-o como aura; Tertuliano, o gigante inspirado na Apologética, nele via o corpo vital da alma, enquanto Proclo o caracterizava como veículo da alma, definindo cada expressão os atributos de que o consideravam investido[2]. (grifo nosso).

O espiritismo vem relembrar aos homens os conhecimentos já revelados no passado, trazendo a tona e de forma mais esclarecida[3] às explicações acima mencionadas. Vem a Doutrina dos Espíritos nos mostrar que os ensinamentos de todos os séculos estão interligados, pois são frutos de uma sabedoria Divina ou Cósmica. Com isto, sabemos que todos os sábios de seu tempo estavam corretos em suas afirmações, ministrando as devidas explicações dentro do alcance de cada período histórico. 

O perispírito, magistralmente explicado pelos Vedas, Hinduístas, Budistas, Cristãos primitivos e Filósofos Ocidentais é profundamente estudado na Terceira Revelação como sendo um corpo material[4], porém menos denso, e que acompanha o espírito em sua jornada. Este corpo não só o acompanha, mas o individualiza tanto na Terra como em qualquer outro plano espiritual. É em suma o corpo que vai registrar os feitos construídos pelo espírito – dentro ou fora da carne[5] – designando suas próximas jornadas de acordo com as escolhas que fez em seu livre-arbítrio. 

Como os demais povos da antiguidade, o Espiritismo coloca a comprovação daquilo que o Apóstolo Paulo[6] chamou de corpo espiritual. Vem esta Doutrina nos mostrar que nossas ações, palavras e pensamentos registram-se e cristalizam-se neste corpo ao longo de nossa jornada[7]

O “HD” de nosso espírito assume a forma de acordo com a densidade vibratória do plano em que este habita ou vai habitar. Sendo um corpo plástico, o perispírito se tornará mais expansivo e iluminado a medida em que o espírito for evoluindo, o contrário torna-se também verdadeiro se este último – espírito - continuar sem se esforçar por sua reforma moral.

 Com relação à função do perispírito, continua nos ensinando a nobre mentora espiritual:
...Catalisador das energias divinas, que assimila, é encarregado de transmitir e plasmar no corpo as ordens emanadas da mente e que procedem do Espírito. Arquivo das experiências multifárias das reencarnações, impõe, na aparelhagem física, desde a concepção, mediante metabolismo psíquico muito complexo e sutil, as limitações, coerções, punições, ou faculta amplitude de recursos físicos e mentais, conforme as ações do estágio anterior, na carne, em que o Espírito se acumpliciou com o erro ou se levantou pela dignificação[8]. (grifo nosso)

Em suma, nos diz o Espiritismo que é o perispírito o laço que vai nos ligar a outras existências, que nos colocará diante de nossos méritos e deméritos. É o local onde ficam os registros de nossas próprias construções, é o “vaso” onde em planos espirituais, após deixarmos novamente o corpo físico, saberemos em que ponto nos encontramos na jornada evolutiva.

Sem o perispírito não conseguiríamos nos individualizar, nossas existências transformar-se-iam em tempos soltos no Universo, pois nos tornaríamos mais um vácuo neste ilimitado espaço Divino. 

O que nos confirma em nós mesmos, nossa moral, caráter, conhecimentos intelectuais e demais atributos, dizendo-nos o que construímos ou deixamos de construir nas nossas últimas vidas, são justamente os registros cristalizados[9] no campo perispiritual.

Por fim, colhemos o seguinte aprendizado dos espíritos bondosos:
 “Envolvendo o gérmen de um fruto, há o perisperma; do mesmo modo, uma substância que, por comparação, se pode chamar perispírito, serve de envoltório ao Espírito propriamente dito[10]”, (grifo nosso).

Jivago Dias Amboni[11]


[1] India Védica (Vedas). Léon Denis registra no livro Depois da Morte que a éra Védica ocorreu por volta de 56.000 (cinquenta e seis) mil anos atrás. Os Vedas deixaram importantes registros (livros sagrados) sendo um dos mais conhecidos o Bhagavad Gita.
[2] A mentora espiritual Joanna de Ângelis nos revela por meio do processo mediúnico este incrível registro histórico de sabedoria divina, no livro Estudos Espíritas, capítulo IV, página 33 e 34 da edição de 2011.
[3] Em virtude do amadurecimento racional da humanidade.
[4] Composto de átomo.
[5] Dentro do plano no qual o espírito se incere.  Novamente na Terra com a reencarnação, em planos espirituais de transição (colônias de tratamento, umbrais), ou mesmo habitando definitivamente planos mais evoluídos (já conquistados por suas próprias ações).
[6] I Epístola aos Coríntios, 15:44.
[7] Referimo-nos neste caso específico a esta encarnação.
[8] Joanna de Ângelis.
[9] Cristalizações obtidas pela repetição de construções mentais, palavras emitidas e ações.
[10] O Livro dos Espíritos, Allan Kardec. Questão 93.
[11] Trabalhador do Centro Espírita Circulo da Luz , localizado em Criciúma/SC.

11 de set. de 2011

William Crookes – Importante Personagem no Desenvolvimento do Espiritismo.


Já mencionado em nossos artigos anteriores, William Crookes é um personagem a quem nos cabe o estudo em virtude de suas descobertas científicas no campo do Espiritismo. 

Cientista Inglês muito respeitado em sua época, Crookes foi responsável por diversas pesquisas, ganhando honrarias, títulos e aceitação na Academia Real de Ciências. Foi responsável por descobertas como a do tálio, identificou a primeira amostra do gás hélio, e ficou conhecido também por descobrir os raios catódicos[1]

Para a seara Espírita, sua primeira contribuição foi quanto as investigações que identificaram o plasma, hoje estudado e comprovado não só pela Terceira Revelação, mas por outras filosofias espiritualistas, física quântica, e demais linhas de estudos.

Todas estas descobertas, o levaram a receber uma série de títulos, dentre eles o de Cavaleiro, recebido pela própria Rainha Vitória[2] por seus feitos.

Após dedicar-se seriamente aos fenômenos espíritas que vinham ocorrendo na Inglaterra e nos Estados Unidos, Crookes esteve com grandes médiuns da época como D.D. Home e a própria Kate Fox[3], tendo ficando ciente, após estes contatos, da veracidade dos fatos ocorridos.

Mas sua pesquisa mais comprobatória foi com o espírito de Kate King, que começará a se manifestar em sua presença e de demais pesquisadores que o acompanhavam, juntamente com sua esposa. 

Em suas pesquisas, o cientista hora estudado, pesou a entidade que se manifestava. Medições também foram feitas, alturas diferenciadas foram comprovadas, largura da face, tamanho das mãos, etc. Todos estes fatos detalharam comportamentos que diferenciavam o espírito materializado, da médium[4] que recebia tal entidade.

Crookes, como todo cientista, até então, ignorante nestes fenômenos, iniciou seus estudos com a finalidade de “desmascarar” o espiritismo que se iniciava. Contudo, em virtude de sua seriedade de caráter, ao ver os fatos ocorrerem mudou sua postura, e partiu em busca de suas medições para explicar o que seus olhos viam nas reuniões mediúnicas de materialização.

Crookes tirou mais de 60 fotografias[5], donde podemos colher o seguinte registro:
“Uma das mais interessantes fotografias é aquela em que me acho de pé ao lado de Katie; ela está descalça, em certo ponto do soalho. Depois vesti Miss Cook como Katie e nos colocamos, eu e ela, exatamente na mesma posição e fomos fotografados pelas nossas máquinas, colocadas exatamente como na outra experiência, e iluminadas pela mesma luz. Quando essas duas chapas são superpostas, a minha imagem coincide, no que se refere a estatura, etc.; mas Katie é meia cabeça mais alta que Miss Cook e parece uma mulher grande, em comparação com esta última. Em muitos dos relatos diferem quanto a largura da face e quanto a vários outros detalhes[6]”, (Doyle, p. 208).

Mais tarde, forçado a rever seus conceitos em relação ao Espiritismo por pessoas incrédulas, e que se recusavam a participar das comprovações[7], Willian, por sua vez, confirmou todas as suas pesquisas. Deixando claro que todos os fatos que demonstravam a existência e a comunicação de espíritos eram reais, e todas foram analisadas com rigor científico e longe de quaisquer chances de charlatanismo.
 

“Ainda não toquei num outro interesse – para mim o mais sério e o de maior alcance. Nenhum incidente em minha carreira científica é mais conhecido do que a parte que tomei durante anos em certas pesquisas psíquicas. Já se passaram trinta anos desde que publiquei um relatório das experiências tendentes a mostrar que fora do nosso conhecimento científico existe uma força utilizada por inteligências que diferem da comum inteligência dos mortais... Nada tenho de que me retratar. Confirmo minhas declarações já publicadas. Na verdade, muito teria que acrescentar a isto.” (Doyle, p. 215, grifo nosso).

Como as irmãs Fox, Crookes fora um importantíssimo personagem para o Espiritismo sério. Com a família Fox as manifestações tornaram-se públicas, com Crookes elas definitivamente ficaram registradas na história da humanidade. 

Um estudo de tal vulto viria a acontecer somente com Allan Kardec[8]. Respeitado como Crookes, este professor catalogaria as comunicações espirituais em sua essência[9], transformando o que até agora eram comunicações espaçadas numa doutrina que se espalharia por todo o Globo, descortinando os misticismos, e colocando os preceitos racionais frente à nova revelação prometida pelo próprio Cristo.


[1] Quarto estado da matéria, conhecido como estado radiante. Também descoberto por Crookes.
[2] Rainha do Reino Unido à época.
[3] Ambos médiuns, já retratados em artigos anteriores.
[4] Mrs. Cook, médium de efeitos materiais. Nestes fenômenos ocorre a doação de plasma (descoberto por Crookes) do médium necessário para as materializações do espírito que se manifesta.
[5] Iniciou também com as “mãos de cera”, servido como comprovação de que espíritos são em suma homens que já deixaram o corpo físico. As mãos de cera foram junto com as reuniões de materialização utilizadas largamente no Brasil, principalmente no Estado de Minas Gerais, encontrando-se atualmente em exposição.
[6] Relatos registrados pelo próprio William Crookes.
[7] Vários homens de ciência, Bispos, Cardeais, foram convidados a se fazer presentes nas reuniões, mas além de não comparecerem, criticavam tias feitos, numa comprovação de ignorância e preconceitos absolutos. Tal fato já ocorrera no passado, quando convidados a ver o Planeta de Júpiter pelo telescópio de Galileu, também não o fizeram, porém, condenaram-no por suas descobertas.
[8] Hippolyte Léon Denizard Rivail. Eminente professor Francês. Chegou a reestruturar o sistema de educação daquele país. Adotou o pseudônimo de Allan Kardec (nome de sua última reencarnação dentre os Druidas), para publicar as comunicações com os espíritos que se iniciaram com o Livro dos Espíritos.
[9] Como Ciência, a Doutrina Espírita possui princípios (já estudados e comprovados por alguns cientistas) como a reencarnação, livre-arbítrio, comunicação com os espíritos.

2 de set. de 2011

Doutrina dos Espíritos: Primórdios na América. As Irmãs Fox - Resumo - 03


Passados os primeiros dias do espiritismo, esta revelação teve como grande influência uma humilde família composta de três irmãs. Os Fox, típicos de seu tempo, logo ficaram conhecidos na história dos Estados Unidos da América, e também na do Espiritismo. 

Nos idos de 1847 iniciaram-se os ruídos na casa recém alugada pelos Fox na Cidade de Haydesville, Estado de New York. Os barulhos em paredes e portas já tinham sido anteriormente registrados com tamanha intensidade somente na Inglaterra, sendo que as antigas manifestações nos Estados Unidos, não tinham tomado tão grande vulto como desta vez. “Só no ano seguinte foi que os ruídos notados pelos antigos inquilinos voltaram a ser ouvidos. Consistiam em ruídos de arranhadura...[1]”.

Com o aumento das sequências e intensidades dos arranhões e batidas, a irmã mais nova, Kate Fox, com apenas onze anos de idade, começou a questionar as batidas, solicitando que um determinado número fosse dado de acordo com as respostas (sim = 01 batida, não = 02 batidas). 

Desta feita, as batidas que até o momento, eram apenas barulhos vindos de algum lugar[2], começavam a corresponder de forma lógica, ficando pela primeira vez demonstrado que uma força inteligente era responsável por tais fenômenos. Por isso as irmãs Fox ficaram conhecidas como registro inicial, ou um dos principais registros históricos, pois a partir dos questionamentos de Kate, ficou comprovada a existência de uma inteligência independente que começava a comunicar-se com os chamados vivos.

Logo a notícia se espalhou, e as irmãs Fox começaram a fazer suas manifestações em público, não só na sua Cidade, mas por outros recantos Americanos, dando atendimento às massas e ainda que de forma inconseqüente e equivocada divulgando o Espiritismo.

Na época destes fatos homens de pesquisa já tinham iniciado suas análises, sendo que muitos deles começaram a se manifestar a favor das manifestações em virtude de suas comprovações. Eram cientistas, pessoas com alcance intelectual, que procuraram o espiritismo primitivo com o objetivo de “desmascará-lo[3]”, mas foram forçados a mudar sua posição em virtude das comprovações presentes.

Após iniciadas as comunicações inteligentes com Kate, verificou-se na presença de testemunhas que tratava-se do espírito de um caixeiro viajante, que anos atrás tinha sido assassinado na presente residência. O motivo de seu assassinato tinha sido o dinheiro.

“Qual a quantia: cem dólares? Nenhuma resposta. Duzentos? Trezentos? etc. Quando mencionou quinhentos dólares, as batidas pararam[4]”.

As comunicações respondiam também que o corpo tinha sido enterrado na antiga adega da Casa. Na entrada do verão, foram escavados os buracos, encontrando-se os restos corporais da entidade que se manifestava, ficando comprovado que a comunicação era real. 

A descoberta da ossada foi encaminhada pelo Sr. Hyde para a Ordem Nacional dos Espíritas, existente a época. Mais tarde Jonh[5] Fox e sua esposa prestaram inúmeras declarações em jornais e audiências públicas, suas declarações foram comprovadas não só pela multidão que os assistia[6], mas também foram interpretadas como fieis em virtude do caráter da família.

Nem tudo prosperou, a falta de conhecimento levou as irmãs a se distanciarem, sendo que a mais velha[7] se vendeu em suas manifestações[8]. Mais tarde, já adulta, Kate e sua irmã do meio[9] foram morar na Inglaterra, onde continuaram com seus atendimentos em massa, sendo Kate analisada pelo próprio Sr. Willian Crooks e demais homens de sapiência da época. 

Todos eles, membros da Academia Real de Ciências, pesquisaram e comprovaram as manifestações de Kate, ganhando inclusive a Ordem do Mérito[10] por suas pesquisas. 

As balisas estavam fundamentadas para os estudos de um outro homem de ciência. Em Paris, novas pesquisas estavam em andamento, desta vez, com um rigor científico ainda maior. A codificação de Kardec utilizar-se-ia não só dos fenômenos materiais ocorridos na França, mas também de comunicações mediúnicas existentes nos demais Continentes. 

As comprovações já se faziam presentes dentre as criaturas, era chegado à vez de organizar a Doutrina.

Jivago Dias Amboni 


[1] Registros feitos por Arthur C. Doyle, p. 74, História do Espiritismo.
[2] Ainda não se sabia ao certo de onde vinham.
[3] Willian Crooks foi a um deles.
[4] Registros feitos a época.
[5] Pai Fox.
[6] Chegava-se a soma de trezentas pessoas durante as sessões.
[7] De nome Leha
[8] Cometeu atos de charlatanismo. Mais tarde se arrepende, e retoma os trabalhos sérios para desfazer seus atos errôneos.
[9] Margareth
[10] Principal Título á época concedido na Inglaterra.